E, num instante, cada silêncio é quebrado, a vida muda seu curso e o cenário se transforma. Pode se pensar na fragilidade do que se foi: as raízes arrancadas que demoraram anos para crescer, as janelas quebradas de onde não mais se vê, a estrada esburacada que agora isola. Mas eu tento pensar na força do que sobreviveu. E espero passar.
Meu depósito de devaneios, desabafos, vontades, tapas na cara e de coisas esquisitas que existem por aí (e por aqui).
terça-feira, 28 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Lembrete
“A cada apelo da vida deve o coração
Estar pronto a despedir-se e a começar de novo,
Para, com coragem e sem lágrimas se
Dar a outras novas ligações.”
(Degraus - Herman Hesse)
Lindo-lindo, prático e útil.
Deixo esse trecho do poema aqui para ser sempre relido e assim, quem sabe, impregnado na gente e praticado. Aplicável não somente no quesito “relacionamento”, mas em tudo que envolve o coração.
Tudo bem, abro minha exceção e permito a todos e a mim mesma algumas lágrimas. Por um instante apenas!
O negócio é que é bom demais chegar lá. Recomendo.
Estar pronto a despedir-se e a começar de novo,
Para, com coragem e sem lágrimas se
Dar a outras novas ligações.”
(Degraus - Herman Hesse)
Lindo-lindo, prático e útil.
Deixo esse trecho do poema aqui para ser sempre relido e assim, quem sabe, impregnado na gente e praticado. Aplicável não somente no quesito “relacionamento”, mas em tudo que envolve o coração.
Tudo bem, abro minha exceção e permito a todos e a mim mesma algumas lágrimas. Por um instante apenas!
O negócio é que é bom demais chegar lá. Recomendo.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Minha visita à Terra do Nunca
Aconteceu comigo. Um dia fui viajar e nunca mais voltei.
Foi num mês de maio que embarquei atrás de um sonho: mochilar pela Europa. Passei dois meses trabalhando muito para juntar meus euros, o suficiente para comer qualquer coisa, dormir em qualquer lugar e conhecer tudo que tinha direito. Fui com duas amigas. O roteiro foi bem desplanejado, adaptado a todos os gostos e desgostos, do jeito que dava para ser. Eu sabia que iria gostar da viagem, claro, afinal viajar até para a casa do vizinho pode ser bom. Mas não sabia que encontraria um mundo encantado e que, como num conto-de-fadas, me transformaria.
Fui para lá com um certo medo, desses medos bons, do desconhecido, que se apresentam com friozinho na barriga e se desfazem devagarzinho, sem se deixar perceber, deixando só a segurança do novo.
E tudo o que podia aconteceu: fiz 10 vôos e fiquei craque, conheci três países diferentes e tirei fotos, falei inglês espanhol alemão francês italiano e português, ganhamos VIP, dançamos em uma balada na Ilha da Fantasia e fizemos amigos, fomos beber com o time de handebol, fizemos um filminho, comprei perfumes, comprei um rímel e aprendi a usar, descobri Nutella, conheci uma das praias mais paradisíacas do mundo, o topless virou normal, vi o sol às dez da noite e não dormi... carregamos a mala mais pesada do mundo, dormimos num albergue tombado, parei para ouvir uma sanfona e La Comparcita numa ruela de filme, experimentei tapas, encontrei brasileiros trabalhando por lá, sai à noite a pé com novos amigos, ganhei Morritos, conheci um palácio real, me encantei, encontrei Guernica, tirei foto do Gran Masturbador, não peguei fila, almocei tapas de 1 euro, andei com um guia particular, passei em frente ao restaurante mais antigo do mundo, endireitei a coluna para tirar foto, abri o mapa, corri para conhecer o máximo que podia e cheguei ao marco zero, passamos a mão no bumbum da estátua de bronze e tiramos fotos, andei de metrô, e terminei o dia com o sol no meu rosto enquanto via os touros perderem... carregamos as duas malas mais pesadas do mundo, andamos em círculos sob o sol, encontramos Alice no País das Maravilhas e quase deu errado, deu tudo certo, ficamos tão felizes, ficamos amigas, conhecemos uma Power Ranger de verdade (silver one!), fiquei reta para sair na foto, andamos, subimos, descemos, experimentamos gelato, conhecemos ruínas, tomamos gelato, vimos um monte de pedras e não entendemos nada, entrei no Coliseo, arrepiei, não quis mais sair, mas precisava de um gelato, esbarrei várias vezes em Vittorio Emanuele, joguei moedinha na fonte com a esperança de voltar, fomos às compras e não vimos o Papa, subimos 500 degraus, vimos os Santos lá de cima, tiramos muitas fotos, a Capela estava fechada e eu fiquei triste, nos desesperamos com a idéia do último gelato, entramos no castelo mais caro do mundo, ficamos cansadas felizes realizadas, jantamos pizza com vinho ao som de bossa nova, e admiramos as luzes do Coliseo à noite... acordamos de madrugada e carregamos as malas mais pesadas do mundo, saímos para andar e encontramos as ramblas, nos perdemos num mundo mágico de compras, comi chocolate na Boqueria, voltamos sem pernas, mas já que num faz-de-conta continuamos andando, subimos, subimos, subimos, alcançamos a vista mais linda, como-não-perceber a Sagrada Família, dançamos num jardim, tiramos fotos, rimos, nosso guia se perdeu, encontramos um castelo fechado, ganhamos uma recompensa: o mar, descobrimos como águas que dançam podem nos fazer chorar, revezamos a bicicleta desajeitada por 4 horas, comemos um gelato falsificado, resolvemos comer tapas, adotamos nossa adega preferida no mundo, vinho tinto por favor, água por favor, remédio por favor, deixamos nossa marca no albergue mais maluco do mundo, encontramos pessoas especiais, quisemos bem, trocamos email, ficamos felizes, e quase de surpresa nos separamos pela primeira vez... andei de avião sozinha com minha mochila, não precisei de uma flor amarela, fui bem recebida, participei de uma festa italiana com italianos, comi comida italiana feita por uma futura mamma, não consegui conversar, dei risada, reencontrei o gelato, fiquei feliz, vimos um homem desistir de se suicidar pulando da maior catedral gótica do mundo, reencontrei Vittorio Emanuele, dei três voltinhas no touro, não vi a Última Ceia, tiramos foto, fugimos de casa, ganhei abraço, fiquei feliz, sonhei, e pela última vez me despedi de novo... andei de avião sozinha com minha mochila, achei que português era outra língua, subi ladeira, desci ladeira, tirei foto, passei calor, passei o bondinho, virei tradutora, conheci de onde veio a história do meu país, tomei café com uma Pessoa única, falei sozinha, vi um rio que parece mar, vi a cidade enfeitada, entendi porque Lisboa é boa, fiz compras, descobri que pastel não é salgado e tirei foto, fui até onde jaz Camões, acordei e vi a banda passar, degustei vinho, ouvi o fado e senti saudade, reencontrei as duas, fomos para o Alto e vivemos a noite, ficamos muito felizes porque deu tudo tão certo, fui dormir com a música lá fora e chegou o dia em que o portal se abriu e eu tive que partir...
E fiquei assim, renovada, mais viajada, mais maquiada, mais ereta, mais tolerante, mais desencanada, mais encantada, com gostinho-de-quero-mais, com vontade de conhecer o mundo, com roupa nova, com óculos-de-sol novo, com um tênis velho, sem meu chinelo, sem meus euros, sem meu medo, sem metade, com novos amigos, com novas irmãs, com novos gostos, com novas escolhas, com novas saudades, com novas histórias e com fotos que-não-acabam-mais.
domingo, 12 de setembro de 2010
Uma história de amor
Feia, cinza, caótica e desorganizada. Solitária. Irritante. Barulhenta. Esparramada. Isso sempre foi a cidade de São Paulo para mim. Em qualquer dia da semana, em qualquer esquina, estampavam-se em negrito todos seus defeitos. Desejava todo dia estar longe daqui.
Mas, como um passe de mágica aos olhos de uma criança, hoje acordo e percebo como me encanta, São Paulo! Vivo agora numa fase gostosa, dessas de começo de namoro, com minha cidade: uma ansiedade boa, que dá vontade de conhecer mais, de viver, de aproveitar cada tempo livre para explorar seus cantos por aí.
E onde antes via cinza, hoje vejo o pôr-do-sol na fachada do prédio espelhado. Onde antes via o caos, percebo a coerência de suas partes, como um caleidoscópio. Passei a me encontrar no meio da sua bagunça. E a encontrar amigos, das mais diferentes tribos que vivem aqui. Seu barulho me lembra que há vida o tempo todo e me traz alívio! E todo o seu tamanho me oferece toda sua diversidade.
Cidade da cultura. Cidade da moda. Cidade da gastronomia. Cidade da política. Cidade da ciência. Cidade da tendência. Cidade de encontros. Cidade de muitas histórias. Cidade da oportunidade. Cidade da gente.
Hoje há em suas esquinas ainda aqueles seus defeitos. Mas como é regra em toda paixão, eu a vejo, assim, linda, e me encho de esperança.
sábado, 11 de setembro de 2010
Hoje
meio cansada. meio feliz. meio triste. meio cheia de coisa pra fazer. meio sem vontade. meio com sono. meio querendo. meio sem esperança. meio assim... com saudade do que ainda não existiu.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Desaventuras Em Série: "Silêncio, por favor"
Outro dia fomos à Sala São Paulo. Após quase 01 semana esperando, a oportunidade de conhecer aquele belíssimo espaço da cidade de São Paulo, ponto turístico e cultural não facultativo, chegara. Roupa intacta, cabelo arrumado, maquiagem e um ingresso para cada. Éramos seis: eu e minhas duas amigas (irmãs), a mãe delas, a psiquiatra de 80 anos de uma delas e a amiga da psiquiatra dela. Chegamos para jantar lá, crepe suíço.
Gente de tudo quanto é tipo.
Entramos no salão principal. Lugar privilegiado, de frente para o palco. O que mais me encantou foi o teto, lindo e móvel, que serve para melhorar a acústica. Animal.
Era dia da apresentação de um violoncelista com uma orquestra sinfônica. A música inundava a sala, sem deixar uma brecha: ninguém tossia, ninguém se movia na cadeira e tenho minhas dúvidas se alguém ali respirava.
Ao final do primeiro movimento, o silêncio foi mais do que sepulcral. Todos estátua. Mas por alguns instantes apenas. Uma salva de palma. Silêncio. Quem foi? Nova batida de mão (não foi o eco). Ali!
Não vou dedurar aqui quem foi a puxadora de palmas da noite. Só que ela prendeu o cabelo depois, numa tentativa de disfarce. E que um dia ela tentou parar um veleiro com suas mãos.
Existem algumas situações tentadoras de aplausos, nas quais eles não são bem vindos - nem bem vistos. Todo mundo já devia saber que não se deve aplaudir após o Hino Nacional, por exemplo. Também não é de bom tom aplaudir após uma apresentação do coral da igreja. Agora sabemos: na Sala São Paulo, na dúvida, não aplauda.
Gente de tudo quanto é tipo.
Entramos no salão principal. Lugar privilegiado, de frente para o palco. O que mais me encantou foi o teto, lindo e móvel, que serve para melhorar a acústica. Animal.
Era dia da apresentação de um violoncelista com uma orquestra sinfônica. A música inundava a sala, sem deixar uma brecha: ninguém tossia, ninguém se movia na cadeira e tenho minhas dúvidas se alguém ali respirava.
Ao final do primeiro movimento, o silêncio foi mais do que sepulcral. Todos estátua. Mas por alguns instantes apenas. Uma salva de palma. Silêncio. Quem foi? Nova batida de mão (não foi o eco). Ali!
Não vou dedurar aqui quem foi a puxadora de palmas da noite. Só que ela prendeu o cabelo depois, numa tentativa de disfarce. E que um dia ela tentou parar um veleiro com suas mãos.
Existem algumas situações tentadoras de aplausos, nas quais eles não são bem vindos - nem bem vistos. Todo mundo já devia saber que não se deve aplaudir após o Hino Nacional, por exemplo. Também não é de bom tom aplaudir após uma apresentação do coral da igreja. Agora sabemos: na Sala São Paulo, na dúvida, não aplauda.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Desaventuras Em Série: "Navegar é preciso"
Meu pai tirou carta de navegador esse ano, depois que resolveu vender seu carro para comprar um veleiro. Este era seu primeiro passeio como marinheiro. Ele, eu e minhas duas amigas (irmãs).
Para você que achava que era fácil sair de barquinho com motor por aí, apenas deixo aqui poucos e preciosos conselhos:
1º - Nunca, em hipótese alguma, levante a âncora sem ligar o motor.
2º - Antes de tentar ligar o motor, verifique o combustível.
3º - Não inaugure sua carta num mar ressacado.
4º - E, por favor, não tente brecar um veleiro com as mãos.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Meu minuto no horário eleitoral
No embalo das eleições, cansada de tanta palhaçada, de tanto tempo perdido de rádio e tv, esquivando-me da (tentativa de) lavagem cerebral eleitoral, resolvi que o Brasil está precisando de uma nova campanha, uma que acrescente na vida da gente.
Há pouco tempo descobri, numa conversa entre amigos, que a palavra GRÁTIS é falada da mesma forma em várias línguas: português, italiano, dinamarquês, galego, holandês, norueguês, sueco, espanhol, catalão. Achei incrível! Imagine que, assim, até na Torre de Babel as pessoas conseguem se entender nesse ponto. De alguma forma, acaba que as coisas mais simples são as que conseguem unir partes diferentes do mundo.
Mas penso que ela está sendo subutilizada! Portanto, faço aqui minha campanha e deposito uma lista de coisas gostosas, GRÁTIS, para todos usarem e abusarem.
Aproveite, é grátis:
Nadar no mar.
Dormir estatelado na areia.
Ver a lua.
Ir até o mundo da lua (de preferência durante o horário político).
Ouvir chorinho na praça aos sábados.
Passear num domingo no parque.
Beijo (na boca é mais gostoso).
Abraço (de urso é o mais legal).
Contar um causo.
Jogar conversa fora.
Cantar à capela no chuveiro.
Dançar (de dupla, de grupo ou sozinho na frente do espelho).
Fazer nada.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
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